Posted on September 21, 2016
A conscientização ambiental dissemina que se as práticas sustentáveis não passarem a fazer parte do cotidiano, o futuro dos serem humanos na Terra será ameaçado. Quando se trata da gestão de eventos, pode ser difícil distinguir entre o que é um produto ou serviço que utiliza critérios ambientalmente corretos ou os que apenas apregoam serem sustentáveis. E os participantes dos seus eventos também estão de olho nessas questões.
Uma pesquisa feita pela consultoria de responsabilidade socioambiental Market Analisys e Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) revelou que oito em cada 10 brasileiros identificam os selos ambientais emitidos pelos governos, empresas ou outras entidades. Porém, apenas 37% confiam na comunicação corporativa das empresas. Isto é, que se diga a verdade quando se anuncia que um produto tem características sustentáveis.
Embalagens pecadoras
Há bons motivos para uma atitude cética a respeito. Empresas podem recorrer ao greenwashing. Que é a prática de atribuir conceitos socioambientais na publicidade ou rotulagem que não correspondem inteiramente à realidade dos fatos ou induzem o consumidor a erro. A consultoria norte-americana Terra Choice, elaborou então a lista dos Sete Pecados do Greenwashing:
1 – Pecado do Custo Ambiental Camuflado
Afirmar que um produto é “verde” baseado em um estreito conjunto de atributos sem atenção a outros aspectos ambientais relevantes. O uso do papel pode ser mais ecológico do que o plástico, mas sua produção também pode incorrer em risco ambiental, como a emissão de gás estufa.
2 – Pecado da Ausência de Prova
Uma afirmação que não pode ser comprovada por informação de suporte de fácil acesso. E muito menos fornecida por uma certificação de terceiros. Um exemplo é a afirmação de que um produto contém materiais reciclados sem qualquer prova.
3 – Pecado da Incerteza
A afirmação que é definida de forma tão ampla ou escassa que seu significado pode não ser compreendido pelo consumidor. “100% natural” é um exemplo, já que nem sempre o que é natural é saudável, como, por exemplo, vários tipos de substâncias perigosas, como mercúrio ou formaldeíldos.
4 – Pecado do Culto a Falsos Rótulos
Dar a impressão de um endosso de terceiros que não existem.
5 – Pecado da Irrelevância
Afirmação que pode ser verdadeira, mas que não tem importância ou utilidade para os consumidores que buscam produtos ambientalmente responsáveis. Exemplo: alegar que o produto não contém CFC, já banido por lei, por exemplo.
6 – Pecado do Menor dos Males
Afirmação que pode ser verdadeira em relação à categoria do produto ou serviço, mas que distrai o consumidor sobre impactos ambientais maiores da categoria como um todo.
7 – Pecado da Mentira
Há afirmações que são simplesmente falsas, como as que apregoam um determinado tipo de certificação referente a economia de energia que não foi conferido àquele produto.
Pecadores contumazes
A mesma Market Analysis divulgou, em outro estudo, divulgado no ano passado, como esses pecados estão disseminados: o crescimento explosivo da quantidade de produtos que se denominam “verdes” foi acompanhado da correspondente adoção de critérios discutíveis,que se caracterizam como greenwashing. De acordo com a pesquisa, 80% dos produtos pesquisados se incluíam nessa categoria.
O pecado mais cometido, conforme a análise de 2.358 produtos, foi o da Incerteza, encontrado em 78% dos casos, vindo a seguir o de Culto a Falsos Rótulos (29%) e Ausência de Prova (12%). Os demais foram identificados igualmente em 3% dos casos. Vale lembrar que apenas 14 certificações ambientais foram encontradas nos produtos, o que é muito inferior às 41 certificações existentes em 2014, quando foram coletados os dados.
Exorcizando o greenwashing
Com esse panorama, não é difícil que a gestão de eventos corra o risco de cometer alguns desses pecados, ainda que inadvertidamente, ao adotar procedimentos e utilizar produtos que não tenham responsabilidade socioambiental. Já abordamos aqui no blog, a utilização de novas tecnologias para promover os eventos sustentáveis – entre as quais destaca-se a adoção de aplicativos para eventos, que reduz sensivelmente o uso de papel, entre outros benefícios.
Para evitar que os organizadores de eventos caiam nos pecados do greenwashing, alguns cuidados podem ser adotados:
1 – Gestão com critérios sustentáveis
A adoção de critérios sustentáveis na aquisição de produtos e serviços é uma medida que deve anteceder as campanhas de marketing de eventos relacionadas a questões de sustentabilidade. Assim, antes de divulgar, é preciso um gerenciamento adequado, ou se corre o risco de cair no greenwashing.
2 – Informação adequada
Para se contrapor à quantidade cada vez maior de produtos “verdes”, é preciso se educar para distinguir o joio do trigo. Isso torna-se especialmente importante no que se refere a termos como biodegradável, compostável, reciclável etc. Existem organizações e entidades que atuam nesses setores e podem ser boas fontes de informação a respeito, como, por exemplo, o Compromisso Empresarial com a Reciclagem(Cempre).
3 – Questionar em caso de dúvidas
Se houver dúvidas quanto à condição do produto ou serviço que está sendo adquirido, não tenha receio de tirar suas dúvidas a respeito com o fornecedor. Além de assegurar que seu evento esteja livre do greenwshing, você também estará colaborando para conscientizar os empresários de que esta prática não está surtindo os efeitos desejados. Além disso, as empresas ambientalmente responsáveis vão ficar felizes em comprovar suas alegações, já que investiram recursos para tal.